domingo, 20 de janeiro de 2008

Pastor da Universal Mata Criança

A Igreja Universal do Reino de Deus deverá pagar indenização por danos morais no valor de R$1 milhão aos pais de João Lucas Terra, 14 anos, assassinado em Salvador pelo pastor Silvio Roberto Galiza. A decisão foi divulgada no site do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deverá ser publicada no Diário Oficial do órgão na próxima segunda-feira. O STJ negou o pedido da igreja de revisão de uma decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ/BA), que responsabilizava a Universal no crime por reconhecer o pastor como preposto da instituição religiosa. O valor da indenização deverá ser corrigido monetariamente. A família do garoto entrou com pedido de indenização em 2002 na 3ª Vara Cível. Em primeira instância, o pedido foi considerado improcedente. A sentença foi reformulada pelo TJ/Ba em segunda instância, que condenou a Igreja Universal ao pagamento da indenização. No entendimento do TJ/BA, o vínculo de preposição entre a instituição religiosa e seus pastores está caracterizada, entre outros aspectos, pela subordinação e remuneração. A justificativa foi contestada pela igreja, que alegou não ter responsabilidade no caso, pelo fato de o crime não ter sido cometido durante o exercício de trabalho do pastor. O pai de Lucas Terra, Carlos Terra, afirmou que vê a decisão do STJ com satisfação. “Estamos vendo que a justiça está sendo feita. Não estou satisfeito pelo valor financeiro porque nenhum dinheiro vai trazer a vida de meu filho de volta. Estou satisfeito pela punição à Igreja Universal. Eles se acham intocáveis e poderosos”, afirmou.Segundo Terra, a decisão do STJ teve grande repercussão em Brasília. Ele afirma, no entanto, que o inquérito final do processo ainda precisa ser concluído. Embora o pastor Galiza já tenha sido condenado a 18 anos de prisão, ainda há mais dois membros da igreja que foram apontados pelo próprio assassino como participantes do crime: o bispo Fernando Aparecida da Silva e o pastor Joel Miranda. De acordo com Terra, ainda há possibilidade de um quarto envolvido no crime, que está sendo investigado. “Só vou descansar um dia, quando ver todos os assassinos do meu filho na prisão”, desabafou. Histórico - Lucas Terra, que era obreiro da Igreja Universal, foi queimado vivo em 21 de março de 2001, segundo laudo da polícia Técnica e Científica. Foi colocado dentro de uma caixa de madeirite, amarrado e amordaçado para não gritar. No dia 24 de outubro de 2001, após sete meses de investigação, a polícia concluiu o inquérito policial e indiciou o pastor Silvio Galiza como autor do homicídio. O crime foi classificado como hediondo e triplamente qualificado por motivo torpe. No dia 8 de novembro do mesmo ano, os promotores pediram a prisão preventiva do acusado, mas o juiz não assinou a prisão. Desde então, o pai da vítima teria estado em diversos países, como Suíça e Itália, denunciando o crime a ONGs internacionais, além da Organização das Nações Unidas (ONU). Após muitos anos de disputa judicial, o assassino foi finalmente julgado em junho de 2004 e condenado a 23 anos e cinco meses de prisão em regime fechado. Em agosto do ano seguinte, o julgamento e a condenação foram anulados, mas três meses depois Galiza voltou a ir a júri e foi condenado a 18 anos

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

JESUS: O DEUS SOL


A coroa de espinhos representa os raios solares.

"Não é de se estranhar, portanto, diante de tantas possibilidades de estarmos convergindo para um sincretismo étnico e religioso que, pelo mundo afora e em todos os tempos, tenha sido possível encontrar-se os mesmos rituais e religiões do Sol, tanto na Suméria, Babilônia, Assíria, Egito, quanto na Bretanha, Grécia e na Europa em geral, México e América Central, Austrália, enfim, em todo lugar!

A adoração ao fogo e ao astro-rei era o foco da religião na Índia, onde seus festivais homenageavam, simbolicamente, o ciclo do Sol, durante todo o ano.

Na história de Jesus é possível perceber-se constantes referências aos ciclos solares e aos simbolismos da astrologia e das escolas de mistérios. A coroa de espinhos nada mais seria que uma tosca representação dos raios solares, exatamente como a coroa de espigões em torno da cabeça da Estátua da Liberdade (Semiramis-Isis)! As cruzes e os círculos desenhados sobre cabeças também identificam o Sol e têm papel intensamente simbólico na astrologia.

Leonardo da Vinci, grão-mestre do Priorado de Sion (Sion=Zion=Sol) 61 usou desse mesmo simbolismo para pintar sua "Última Ceia", exposta em Milão. Ele dividiu os 12 discípulos (os doze símbolos do Zodíaco) em quatro grupos de três com Jesus, o Sol, no meio deles.

É voz corrente que Da Vinci também pode ter pintado um dos doze discípulos de sua Última Ceia (hoje bastante danificada e um tanto diferente do desenho original, por ter sofrido diversas restaurações), com feições femininas para que representasse, aos olhos iniciados, a deusa Semiramis, Ísis, Minerva, Barati.

Dizem os teóricos que a crença cristã de haver Jesus nascido em 25 de dezembro deve-se a uma data emprestada ao culto religioso do Sol Invictus (o Sol nunca vencido), pelas razões já aventadas. Ele teria morrido na Páscoa, pregado na cruz, versão tomada à mesmíssima história antiga, pois os egípcios já representavam Osíris na cruz, uma simbologia astrológica.

Segundo os antigos, o Sol teria levado três dias para se recuperar de sua "morte", em 21 ou 22 de dezembro. Nos Evangelhos, quantos dias se passaram entre a morte e a ressurreição de Jesus? Três! O mesmo tempo que o filho do deus babilônico, Ninus-Tammuz, demorou para se reerguer da morte!62

Assim o Evangelho de Lucas descreve como aconteceu a morte de Jesus (o Sol) na cruz: "Por volta da hora sexta, as trevas cobriram toda a terra, até a hora nona, por haver o Sol se eclipsado." (Lucas, 23-44) O Filho/Sol (Son/Sun, em inglês, com a mesma pronúncia) morreu e então se fizeram as trevas... E quantas horas se passaram na escuridão? Três! O dia universal do repouso semanal cristão, o domingo, nada mais é do que o mesmo dedicado ao deus-sol Nemrod-Baal (SUN-day, dia do Sol na língua inglesa), ao passo que o dia da semana dedicado a Semiramis é a segunda-feira (MON-day, em inglês) ou, ainda melhor, MOON-day (dia da Lua, na mesma língua). A tradição simbólica diz que Jesus foi crucificado na Páscoa certamente por ser o equinócio da primavera (no Hemisfério Norte), quando o Sol (Jesus) entra no signo astrológico de Áries (o Carneiro), e o Sol (Jesus) triunfa sobre a escuridão! Não por acaso essa é a época em que, no Hemisfério Norte, a vida animal e vegetal se recompõem (é o tempo do renascimento), por haver nos dias mais claridade que escuridão... Já as Igrejas Cristãs, todas elas, são construídas no sentido leste-oeste, com os altares voltados para o leste. Isso simplesmente significa que os fiéis, sem exceção, e provavelmente sem nunca haverem percebido, oram sempre em direção e reverência ao Sol nascente...


A Noção Herética da 'Superioridade Judaica'

por Rabi Moshe Ben-Chaim
Terça-Feira, 22 de Maio de 2007

Maimonides (Rambam), uma dos maiores mentes mundiais, foi mais educado no pensamento de codificação da Torah do que qualquer rabi vivo hoje. Não é sem surpresa que Rabi Yosef Caro baseou muito do Shulchan Aruch nas posições de Rambam.

Maimonides louvou Aristóteles conforme atingisse o cume da perfeição intelectual. Ele não ofereceu seu louvor em relação a um Judeu. Assim nós desejamos saber: Alguns Judeus são injustos se consideram os gentios “humanos de segunda classe”? Maimonides foi correto em seu louvor a um gentio?

Tão freqüentemente nós escutamos o termo “alma Judaica” usado como uma expressão de arrogância Judaica desprovida de base. Outros, aceitam a crença que Deus literalmente soprou um “pedaço” de Si Mesmo no interior do homem, derivado de tais versículos como “e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida” (Gen. 2, 7) e “…Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou…” (ibid, 1:27).

Certamente Maimonides, Ramban, Rashi, Unkelos e virtualmente todos os outros principais rabis consideravam tais antropomorfismos falsos e heréticos, e assim nós devemos, portanto, entender inteiramente o porquê desses gênios reinterpretarem aqueles versículos – e por isso devemos adotar essas verdades para nós mesmos.

Maimonides ensina que, posto que Deus não é física, Ele não possui qualidades físicas (13 Princípios; Princípio III; Yesodei HaTorah 1:7). Todos os rabis concordam – Deus não tem “partes”; assim, metáforas como o “tzelem Elokim” (“figura de Deus”) plantado no homem deve ser entendido como simplesmente indicando o mais alto status que humanos gozam sobre todas as criações.

Deus anexou Seu nome à expressão “tzelem Elokim” para enfatizar o grande potencial de nossas almas. Porque somente com nossas almas podemos aprender sobre Deus. Mas de nenhum modo Deus pode ter partes, e, portanto, a tentativa do homem de abandonar a responsabilidade por sentir Deus “dentro” de si é falácia. (Essa visão panteística levou os Judeus a acreditarem que Deus existia mesmo no interior do pecado, assim como outros absurdos.)

Ironicamente, os Judeus reclamando almas Judaicas “superiores” se auto-contradizem, posto que eles derivam sua visão dos versículos citados acima – que endereçam ao “gentio” Adam Harishon.

A eleição de Deus da convertida Ruth como a precursora de nosso futuro Messias e dos Reis David e Salomão claramente nos ensina que Deus encontra não nenhum favorito entre o Judeu. Em verdade, Deus criou o homem somente uma vez, e todos os homens são diretos descendentes daquele primeiro casal gentio. Deus nunca recriou o homem ou a alma, dando ao Judeu algum tipo de novo e aperfeiçoado modelo.

Nós todos compartilhamos do mesmo exato desenho e potencial. Foi somente devido aos pecados de idolatria da humanidade do estilo de vida monoteístico de Abraão que Deus elegeu Abraão e seus filhos a receberem e guardarem a Torah…para toda humanidade. O plano de Deus era, e permanece que “Todos os filhos de carne chamam Seu nome.” (reza Alenu) Além disso, posto que Deus planejou dar Sua Torah aos descendentes dos Gentios, isso significa que os gentios são totalmente capazes de praticar o Judaísmo e obter a perfeição Torânica. O Judeu nascido não tem vantagem.

Não é o recebimento da Torah que torna os homens perfeitos, mas nossa aderência aos seus mandamentos – e isso se aplica tanto ao Judeu quanto ao gentio. A perfeição humana não é um direito inato Judaico, mas uma realização humana, disponível a todas as criaturas de Deus.

Se um gentio é sábio, ele amará a Torah conforme faz um Judeu com discernimento, e ele aceitará mais do que suas meras sete leis de Noé. Ele verá que os mandamentos de Deus tornam um homem perfeito, e ele desejará participará nesse terreno. Os conversos Gentios por toda a história mostraram-se como os membros mais sábios de suas culturas – e nossas – com muitos se tornando grandes líderes Judeus.

Aqueles sete mandamentos são não um limite para o gentio ou, como alguns dizem, “seu” sistema. As leis de Noé são os limites essenciais que designam um ser humano a reter seu direito à vida. As leis de Noé são um ponto de partida preferível a uma destinação exaltada. Posto que o gentio é diferente do Judeu, ele também beneficia-se da igualdade aderindo aos mandamentos da Torah, conforme ensina a Torah: “Uma mesma lei e uma mesma ordenança haverá para vós e para o estrangeiro que peregrinar convosco.” (Num. 15 ,16, Ex. 12, 49) Isso prova que todos os humanos compartilham o desenho e potencial idênticos.

A visão que conversos sempre tinham alguma “centelha” Judaica é igualmente arrogante e sem base. Todo o Talmud significa means by “futuros Judeus e futuros conversos são também parte do pacto” (Shavuos 39a) é que qualquer pessoa que vê a verdade da Torah é “como se” ele ou ela testemunhasse a Revelação, que prova a Torah além de toda dúvida. Da mesma forma que aqueles testemunhando o Sinai perderam toda dúvida da existência de Deus e da natureza Divina do Judaísmo, aqueles que hoje percebem essa verdade são “como se” eles também colocassem o pé no Sinai. Igualmente verdade: um Judeu hoje que abandona a Torah é “como se” ele não esteve no Sinai.

Abraão não era mais Judeu do que os habitantes pecaminosos de Sodoma que foram aniquilados por Deus. Mas a diferença de Abraão estava em seu uso de seu tzelem Elokim, libertando-se através unicamente da razão de uma juventude idólatra e descobrindo e ensinando o monoteísmo a seus companheiros. Ele via todos os homens como iguais expressões da vontade divina. Todos os homens são criados iguais.

Abraão foi um profeta, e mais perfeito do que qualquer um vivo hoje, os Judeus – mesmo os rabis – incluídos. Ele não nasceu Judeu, todavia Deus o amou. O Talmud (Sanhedrin 59a declara: “Um gentio que estuda a Torah é parecido a um Alto Sacerdote.” E o profeta Isaías 2, 2 ensina que em tempos messiânicos os gentios literalmente correrão para Jerusalém para aprender a Torah.

Mas os gentios não podem simplesmente acordar um dia e desejarem a Torah – e portanto Moshiach não pode chegar – se os Judeus esconderem a Torah dos gentios proclamando aceitação de outras religiões. Não, isso ilude os gentios em acreditar que nós vemos suas religiões em paridade com a Torah.

A Torah ensina, “De uma falsa matéria distancie-se” (Êxodo 23, 7). Então, nós devemos ser honestos e claros: o Judaísmo vê todas as outras religiões como impostoras, posto que nenhuma outra religião foi dada por Deus.

Isso explica por quê outras exigem fé, não prova como faz o Judaísmo. Nosso dogma central é que apenas o Judaísmo é divino, provado por testemunhas em massa no Sinai – a mesma maneira em que toda história é provada. Revelação a massa é ausente em todas as outras religiões, e isto é por quê nós não aceitamos afirmações sem base.

Se nós reconhecemos qualquer outra religião, nós violamos as palavras de Deus: “Não acrescente a ela [Torah] e não subtraia dela” (Deuteronômio 13, 1). Todas as outras religiões desafiam essa diretiva fundamental de Deus em sua adição ou subtração da lei da Torah.

Novamente, Deus disse, “Uma Torah…para vós e o converso.” Isso significa que nenhuma outra lei é aceitável, para qualquer pessoal.

Uma outra popular citação adulterada usada para apoiar a superioridade Judaica deriva de uma rude má leitura de Jó 31, 1-2: “Fiz pacto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem? Pois que porção teria eu de Deus lá de cima, e que herança do Todo-Poderoso lá do alto?” Jó de foma justa se defende, reclamando que nunca observou uma mulher por qualquer outra razão que examinar suas qualidades para determinar se ela era uma noiva adequada para seus filhos. Porque observando mais além, será out of lust, e ele perderia sua porção da recompensa divina.

Mas muitos citam de forma adulterada esse versículo, isolando as palavras “porção de Deus de cima” (“chelek Elokim mima’al”) para significar que Deus colocou uma “parte de Si” no interior do homem: verdadeiramente uma inescusável corrupção da Torah. Isso é também uma clara negação de nossos maiores rabis, que expressam que tais crenças apropriam-se de nosso olam haba, nossa vida futura.

E isso tudo em nome do sentimento que como Judeus, nós somos os melhores? Desde quando ignorância e negação da Torah e rabis elevam a alma de alguém sobre o gentio?

Foi a humildade de Ruth que atraiu Boaz. Em verdade, a arrogância Judaica é o exato traço oposto de que Ruth, a conversa, expressou e que conseguiu para si o papel escolhido como ancestral de nossos grandes reis David e Salomão, e do Messias.

Pense a respeito que – nossas preces diárias (Salmos), nossos maiores reis, e nosso iminente Messias são todos devidos à gentia Ruth. Deus não favorece uma pessoa simplesmente porque seus parentes são Judeus, porque isso não é mérito para um pecador. E Deus não nutre desdém pelo gentio, como nós vemos na escolha de Deus de Ruth, e no louvor de Maimonides de Aristóteles.

Deus não criou o gentio e o Judeu; Ele simplesmente criou o “homem e a mulher”. O “Judeu” não foi uma nova criação, mas simplesmente uma nova designação, fixada para o mesmo desenho original. Cada ser humano possui igual potencial para atingir a perfeição e o amor de Deus.

Podemos abandonar falsas idéias de superioridade Judaica e gratificação de ego, e trocá-las pela verdade humilde que Deus criou todo homem com uma alma por uma razão – e que Ele ama todas Suas criações igualmente.

“Uma Torah…para vós e o converso.”

Rabi Moshe Ben-Chaim é fundador do Mesora.org

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Façamos o homem a nossa imagem...


Gênesis

Judaísmo Messiânico Não Existe
E disse D'us: Façamos homem à nossa imagem segundo a nossa semelhança; e que domine sobre o peixe do mar e sobre a ave dos céus, e sobre o quadrúpede e em toda a terra, e em todo réptil que se arrasta sobre a terra!(Gênises 1:26)

Para justificar a teoria de "deus pai e deus filho" ou "deus pai, deus filho e deus espirito santo" os missionários de seitas como a "judaísmo messiânico" fazem uso corrente deste versículo para convencer você, judeu, sem intimidade com a Santa Torá. Absurdamente dizem que "façamos" se refere a D'us e Jesus/Yeshua (sentado ao lado) negando a unicidade de D'us.

As dúvidas que geralmente são suscitadas por este versículo são:
a - Com quem D'us estava falando? Com certeza não era com Yeshua! A Torá quer dizer (D'us não o permita) que há mais de um D'us? Alguns dizem que D'us estava falando com os anjos - mas quem mencionou os anjos? Outros dizem que era um exercício de humildade. Mas D'us é humilde? Por que deveria ser? Existe uma explicação simples e uma interpretação coerente para este versículo?
b - D'us tem uma imagem?
c - O que significa a repetição: "à nossa imagem, nossa semelhança"?
d - D'us criou o homem apenas para que fosse poderoso "dominará os peixes..."? Tenho certeza de que D'us poderia pensar em um propósito melhor para o homem!

Façamos...
D'us estava falando para todas as forças da criação que Ele trouxe a existência 1(Targum Yonatan; Ramban).

Agora que todos os ingredientes da criação tinham sido completados, todos participariam na criação do homem, a coroação da criação.

Alguns tradutores interpretam "nós" como apenas sendo algo de sentido majestático, e traduzem o versículo assim, "Eu farei o homem à Minha imagem"2(Ibn Ezra)

É comum o uso verbal plurálico no hebraico para a pessoa no singular, como por exemplo quando diz Manoá 3(Juízes 13:15) "...Deixa que te detenhamos...", ou Daniel 4(2:36) "Este é o sonho; agora diremos ao rei..." referindo-se a si próprio. Assim, em diversos outros casos.

Façamos homem...
5Bereshit Rabá comenta que D'us se "aconselhou" com os anjos sobre a conveniência ou não de criar o homem.

"Façamos um homem" - traduz 6Rashi; Comenta que aqui D'us já nós dá uma lição (ensinamento), o da modéstia, quando Ele diz "façamos". Se o homem fosse criado à semelhança dos anjos, estes poderiam ficar enciumados dele (homem), por isso, aconselhou-se com eles. E quando julga os Reis, aconselha-se com Sua corte, conforme vemos no caso de Ahab a quem disse Mihá 7(Reis I 22:19): "Vi o Senhor sentado em Seu Trono, e todo o exército dos céus parado perto d'Ele, à Sua direita e à Sua esquerda". E por acaso exisite "direita" e "esquerda" diante D"us? Claro que não! Apenas significa que aqueles da direita são para defender e aqueles da esquerda para acusar. E igualmente em: "Este é o decreto pronuciado pelos anjos, e esta sentença é a palavra dos santos" (Daniel - 4:14). Aqui também com Sua corte obteve permissão, dizendo: "Há nos mundos superiores [seres] conforme a Minha semelhança; se não houvesse conforme a Minha semelhança nos mundos inferiores, eis que haveria ciúmes entre os seres da criação" [do homem], Ainda que os [anjos] não tenham ajudado na sua criação [do homem], e há lugar para os hereges discordarem pelo uso do plural "nós", a Escritura não se absteve de nos ensinar o respeito e a virtudade da humildade: que o maior deve se aconselhar e pedir permissão ao pequeno. E se na Torá estivesse assim: "Farei o homem" ou "Fiz o homem", não aprenderíamos que [D'us] estava falando com Sua corte celestial, mas apenas consigo mesmo. E a resposta para os hereges está descrita no versículo seguinte:"criou D'us o homem", e não foi escrito "e eles criaram".

Mas algumas dúvidas continuam, correto? O problema começa logo na tradução.

Esta tradução não apenas é incorreta, como também presume que o leitor entende seu contexto. Portanto, eis aqui a tradução correta e o contexto:

"E D'us disse: 'Modelemos [D'us e as Criações] a humanidade em nossa essência, então ele será como nós, e [somente então] eles [a raça humana] dominarão os peixes do mar, as aves do céu e os animais, e toda a terra, e tudo que se mover sobre a terra.'"

O homem é a única criatura a ser apresentada individualmente na cena, porque o Homem é o ponto alto da criação. Tudo foi criado para ele e seu uso. Está subentendido que o Homem é portanto considerado responsável por suas ações, pois estas afetam não apenas a ele, como também todas as criaturas de D'us. O Homem não foi feito "segundo sua espécie" como um animal, em grandes quantidades, mas "... à Nossa imagem" como D'us, como um único indivíduo. Assim como D'us é Um, assim também o homem foi criado Um.

Com quem D'us estava falando?
A resposta é simples: D'us estava falando com a mesma entidade com quem falou nos dias precedentes - o universo inteiro! D'us na verdade está dizendo: "Que o cosmos (e tudo que nele existe) e Eu façamos o homem."

O ser humano é a mais complexa de todas as criaturas. Sua existência é uma batalha constante de forças opostas puxando-o em direções diferentes. Não admira que o homem seja a única criatura que busca a terapia! Sua dualidade se estende até os extremos de todos os espectros: desde a fúria infundada até atos absurdos de bondade, da inspiração enérgica à depressão patética, da crueldade ao altruísmo, da consciência à indiferença, da espiritualidade ao materialismo. É como se todas as forças da natureza estivessem comprimidas em uma pequena criatura chamada Homem. Mas isso é exatamente o que este versículo nos diz.

D'us tem uma imagem?
Não: "Pois não viste nenhuma imagem" (Devarim 4:15), e "A quem podes Me comparar: a quem Eu serei igual?" (Yeshayáhu 40:25). Quando o versículo diz "imagem," isso significa "essência," querendo dizer que o homem foi criado da essência do cosmos, e da essência de D'us. O homem tem em si um aspecto de tudo da criação: todo animal tem sua contraparte no homem, assim como cada mineral e elemento.

Porém o homem é também da essência de D'us, como está explicado no próximo versículo: (Bereshit 1:27): "... na essência de Elokim Ele o criou." A costumeira má tradução erra ao traduzir: "à imagem de D'us Ele o criou" - mas não foi o que acabamos de ler? O que a Torá está nos dizendo é que o homem foi feito similar a Elokim, (um dos nomes Divinos, que significa "juiz.") Em outras palavras: "À imagem do Juízo Ele o criou." Ter a "imagem" de D'us significa não apenas possuir ânsias espirituais como somente o Homem possui, como também a habilidade de julgar entre opções moralmente boas ou más.

Qual o significado da repetição: "À nossa imagem, nossa semelhança"?
A razão pela qual o homem foi feito da essência do cosmos e da essência de D'us é que ele deveria ser "como" ambos, portanto a repetição. Embora o homem tenha recebido o potencial para conseguir este equilíbrio em sua vida, isso permanece exatamente assim: potencial. Cabe ao homem agir sobre isso. D'us deseja que o homem equilibre o corpo e a alma. Se o homem mergulha apenas no materialismo, será devorado por aquilo que o cerca: as forças da natureza, os animais e as outras pessoas. Por outro lado, se afasta completamente suas necessidades físicas para se concentrar apenas nas espirituais, torna-se inútil ao Plano de D'us. O homem deve dar tratamento igual aos seus lados terreno e espiritual. Para ficar acima da Criação, o homem deve ser a "imagem" do cosmos e a "semelhança" de D'us. Por esta razão lê-se: "pois ele será como nós..." o que nos leva até o esclarecimento da pergunta seguinte.

D'us criou o homem para que ele pudesse "dominar os peixes..."?
Estou certo de que D'us poderia ter pensado em um propósito melhor para o homem!
Continuaremos aqui dentro do contexto de "qual o significado da repetição: ""a nossa imagem, nossa semelhança", "... e [somente então] eles [a raça humana] dominarão os peixes do mar, e as aves do céu e os animais e tudo sobre a terra, e tudo que se mover sobre a terra." Quando o homem atinge este já mencionado equilíbrio entre o material e o espiritual, ele na verdade "domina os peixes do mar..." e toda a matéria física (exceto outras pessoas!). Ele demonstra que está um ponto acima deles... e atinge o próprio pináculo da Criação, tornando-se um parceiro do Próprio D'us na Criação.

Portanto, o que você realizou para o mundo hoje?

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Quem quer ver a verdade, vê.

Pergunta: Havia escrito a algumas semanas, perguntando-lhes como é que v. vêem a Cristo, e a resposta que recebi não me foi satisfatória. Vocês disseram que não estão interessados em polêmicas acerca disto, o que me leva a pensar que por falta de argumentos para provar que o Homem de Nazaré não fora realmente o Messias esperado. As palavras de Daniel no cap. 9 de que o Messias viria numa época difícil para os judeus, que ele seria morto e que o Templo e a cidade de Jerusalém seriam destruídos após sua morte, além de Isaías ser tão claro no capítulo 53, trazendo até nós um "retrato falado" de Jesus. Por favor, que têm a dizer os senhores?

Resposta:

Conforme já explanado em outras páginas, não temos interesse em discussões e polemizações vãs que só servem para causar o distanciamento entre os seres humanos e fazer proliferar a violência entre pessoas que pensam diversamente umas das outras.

No entanto, não significa isto que nós não tenhamos argumentos. Muito pelo contrário: o raciocínio lógico é que um árabe saberá melhor acerca de determinada ocorrência em sua terra e em sua história com um dos filhos de seu próprio povo, com uma compreensão plena de todos os fatores envolventes por tratarem-se de elementos peculiares a sua própria cultura, e o mesmo com respeito a qualquer outro povo em concernência a uma pessoa particular dentro do mesmo, sendo que seria aconselhável que se perguntasse: somente no caso dos judeus abre-se uma exceção? Somente para conosco no mundo ocidental acha-se que não saibamos o suficiente acerca de alguém que fizera parte de nosso povo, e vivera falando nossa língua e de acordo com os parâmetros de nossa cultura? Então, é o não judeu, o ocidental, que jamais teve contato algum com o semita e sua cultura, que tem a verdade, e que realmente a entende, atingindo uma compreensão exata e perfeita de todos os pormenores?

Quanto ao judeu, este permanece aos olhos do ocidental cristão como o destinaram - é um "tapado", desprovido de coração e "cego espiritualmente" - isto e outras afirmativas sem fulcro, seja nos escritos ou na lógica. Se, porém, o ocidental (cristão) pudesse aplicar ao judeu o que tão facilmente aplica aos demais com respeito a quem pode conhecer melhor acerca de fato histórico de qualquer nação que seja, logicamente tudo mudaria de figura.

Ninguém discute que um chinês que haja sido educado como tal conhecerá melhor a Confúcio e a Lao-Tse que qualquer outro indivíduo no mundo, mesmo melhor que qualquer outro oriental de algum país vizinho. Suas origens têm as mesmas raízes. Por que com o judeu seria diferente, e não teria ele mais facilidade de reconhecer a veraz identidade de alguém que nascera de sua cultura e de seu próprio povo? Por que ao judeu há veto de revelar suas críticas acerca dos inúmeros erros concernente a como agiria um judeu, cuja forma de agir é deturpada no livro chamado Novo Testamento, que é exatamente a razão precípua pela qual o judeu jamais poderia crer em seu relato, sendo-lhe mais perceptível os enganos de quem escrevera o livro e desconhecia quase que totalmente o modus vivendi iodeorum, sendo provavelmente um sacerdote muito posterior, provavelmente do século oitavo da era comum ocidental.

Os maiores disquisidores ao pesquisarem determinado caso, seja este de cunho arqueológico ou antropológico, recorrem antes ao conhecimento do povo sobre o qual buscam, de sua cultura, de seu passado, de sua forma de pensar e viver, tanto no presente como no passado, e muitos outros pormenores. Juntando tudo, concluem, sem fechar as portas para possibilidades. Não terminam aqui, mas sabem o que é imprescindível para levantar suas bases. Em nosso caso, porém, é diferente, ou fazem com que seja diferente: toda a tese é pré-existente, e quem for contra, é que estará enganado, seja ele judeu ou não. Como o primeiro em geral nega o fato, e acha-se intrisecamente ligado ao assunto, é mais simples inventar a questão da idéia da miraculosa "cegueira espiritual" que atingira o povo todo, para desfazer-se do difícil problema de como seu próprio povo dele se desfaz. Frases que despertam o lado emocional são usadas para fazer desaparecer da turba o menor indício de raciocínio lógico, e demonstrou sua eficácia por muito tempo, e ainda perdura demonstrando-a no presente. Frases como: "Veio para o que era seu, e os seus o rejeitaram..." - princípio do evangelho de João, 1:11.

Quantos crentes em Cristo pararam para verificar quantos trechos há nos Evangelhos nos quais o relato é impossível que haja ocorrido, simplesmente por não condizer com a conduta cultural judaica no que pertine a seu modus vivendi? Ou, se prefere desfazer-se de tal lógica, pelo menos não o faça com relação à situação do povo no plano histórico, em vários casos, conscientizando-se da impossibilidade de tais acontecimentos simplesmente devido à presença romana! Mas, não! Parece que no caso de Jesus, é permitido desfazer-se de todos os fatores ao redor! Quem, então, é "cego espiritual"? O menos provável é que o seja o judeu, cônscio de como agiriam seus antepassados, e sabedor do que fora o jugo do Império Romano!

Tomemos, como exemplo do que dizemos acima, o caso de Maria Magdalena, flagrada em adultério. Acaso o julgamento judaico se dá por aquela forma? Acaso existe a possibilidade, por mais ínfima, entre os judeus, de que tragam a mulher - e em lugar público - antes sequer de havê-la levado ao tribunal, perante uma pessoa em particular? O relato não condiz com a realidade, nem com a ética juridicial judaica.

O mesmo ocorre com o caso do apedrejamento de Estêvão: não é o modo de julgar judaico, nem a forma de apedrejamento de um condenado. Todo o relato ali mostra que tal jamais se dera, se o leitor entende de judaísmo o mínimo necessário. Mas, para evitar o aglomerado de assuntos, nos resguardaremos do caso de Estêvão, por ser exacerbadamente simplório e claro que trata-se de algo impossível para qualquer teólogo cristão que honra sua enciclopédia bíblica, sem que seja necessário que seja judeu ou tenha muitos fundamentos judaicos para dar-se conta da inanidade desta mendácia tão vil, que seria um labéu para os rabinos.

Também evitaremos referência ao caso de Estêvão por preferirmos não deixar que nossa carta vá além do conteúdo dos evangelhos, e o relato do apedrejamento de Estêvão acha-se em Atos dos Apóstolos, no final do capítulo sétimo. Mas lembramos que também em sua concernência não havia possibilidade alguma que tal ocorresse sob o domínio romano, mesmo que se tratasse de algo normal e permissivo pela lei judaica e costumes farisaicos, o que tampouco é ou era. Outras coisas poderiam ser ditas ainda concernente a este livro em si, mas evitamos, por querermos ser sucintos e diretos à meta precípua, que é nossa reposta, e os evangelhos são suficientes. Portanto, restringiremo-nos somente ao caso de Magdalena, que apesar de simples, é um pouco menos simples de se perceber sua veracidade parca entre os não judeus, especialmente devido ao manto misericordioso com o qual se reveste a estória.

No campo histórico: quantos ocidentais têm consciência de que o relato em si é impossível, já que o Sinédrio estava impedido pelos romanos de tomar qualquer iniciativa em questões de julgamento que pudesse levar o réu a ser condenado à morte? Ou seja: não só não podiam julgar a Maria Magdalena, como não podiam dar-lhe liberdade como o fizeram, sem incorrer em penalidade perante a corte governante romana, após havê-la prendido. O relato torna-se mais sem nexo do que o fato de alguém, sem mais nem menos, achar-se rabiscando na areia, seja o que for... E, se acaso escreve sobre as transgressões de cada um, isto torná-la-ía isenta de penalidade? Não poderia ser transferida para outra corte? Sanedrin sobre o Monte do Templo já não existia, e fora do Monte do Templo, é proibido esse corpo jurdico de setenta e um rabinos pela Torá de julgar casos que levem à morte, mesmo que sejam casos duvidosos. Antes do julgamento, os rabinos não poderiam trazê-la perante uma pessoa só, e nem tê-la como transgressora. Ali, portanto, o relato deve referir-se a pós-julgamento, apesar de que também é proibido, pois em nada poderia mudar a face das coisas, e está expressa esta proibição. Portanto, o caso se dera antes do julgamento.

Mas, a Lex romana na Terra de Israel proibira os rabinos de ocuparem-se destes casos. Portanto, não a trouxeram senão por sua deliberada vontade. Ou, talvez recebesse algo para isto, compensação monetária, ou similar. Mas não. O relato diz que era julgamento e para isto era levada. Portanto, era antes, e os rabinos por acaso passaram ali, á que é proibido que o façam antes ou após julgamento. Por favor, entenda: não trata-se de chiste ou ação bazófia o escrito aqui: simplesmente uma busca de encontrar saída para o caso, para que haja pelo menos a menor possibilidade de que tal haja ocorrido realmente. Sempre, ao final, por mais transgressores que fossem os rabinos, ainda esbarramos nos romanos. Simplesmente, o caso jamais se dera, e foi um invento que o leitor não judeu se enche de admiração e pasmo pelo herói do relato.

O colher espigas no sábado. Mesmo que os feitores de tal ato fossem exatamente os discípulos, ainda restam perguntas que quedam sem resposta para um judeu cônscio do que é judaísmo e pormenores da Lei com respeito ao simples entrar em campo alheio. Qualquer leitor ali perceberá que o campo não pertencia aos discípulos. No tratado Erubin 53b encontramos um relato de Rabi Iehochú'a ben-Ĥananiá que, para encurtar caminho, entrou numa trilha já feita em certo campo. Ou seja - as aparências indicam que o trilheiro já se tornara algo público pelo uso geral. Estando em meio do caminho, avistou uma menina, e esta lhe perguntou-lhe: "Rabi, acaso não é este um campo particular?" Ele redarguiu: "Trata-se de um trilho já conquistado pelo uso público!" Disse-lhe ela: "Assaltantes como tu o conquistaste!"

Aqui percebemos qual a forma de agir entre os judeus, e quanto peso há somente em entrar onde não te pertence. Nada diz com respeito à colheita de algo em campo alheio. Mas, no relato evangélico, a ênfase era dada à profanação do sábado. É interessante que os mesmos rabinos que têm a capacidade de prender a Maria Magdalena só protestem, sendo eles mesmos testemunhas do caso pessoalmente. Acaso não sabe todo judeu que os rabinos que andavam de lugar em lugar faziam-no como inspeção, e dispunham de policiais armados para agir segundo a Lei? Ou este relato não existiu, ou o de Maria Magdalena não existiu. Ou, será que o relato no princípio do livro chamado Atos - depois destes - foi o que realmente ocorreu, e medida para entender a forma de agir de todos os discípulos? Ali encontramos os discípulos tão cuidadosos em não transcorrer mais que o permitido no dia de sábado!... Ou, talvez este haja ocorrido, e ambos os citados acima são fictícios? Então, quem me garante não ser este também fictício?

Magdalena era ou não a esposa de Jesus? Ao ouvir a pergunta, o cristão pensa tratar-se de um injúrio. Mas, se conhecesse melhor a vida judaica, entenderia a razão de tal afirmação. Somente a mulher pode lavar os pés do esposo, ou untá-los (Talmud Ketubôt 59b). Qualquer outra que o faça, é tido como ato de imoralidade. Mas o evangelho não deixa a entender, senão que eles não eram casados... , ou pelo menos assim é aceito no meiocristão. Infelizmente, não tem consciênscia de como agem os judeus.

Ou, será que o caso acima no qual os rabinos trazem-na, fizeram-no por tratar-se de seu esposo?! Então seria mais compreensivo, e talvez até permissivo que a trouxessem. Mas, mesmo assim, ainda é proibido que a prendam pela lei romana vigente na época.

Outrossim, ao entendermos o que significa entre os judeus o servir uma mulher a um homem, fica entendido que realmente esta mulher era sua esposa. Porém, não somente ela, senão várias outras (Lc 8:1-3). Temos então que realmente podemos aceitar como verídico o relato do julgamento citado. Mas, uma olhada de relance, podemos ver que no cap. anterior (Lc 7:36 em diante) uma mulher se achegara a ele e começara a lavar, beijar e a untar seus pés. Mesmo se fosse sua esposa, entre judeus isto não se faz em público. Mas o que nos importa não é isto, senão que a mulher ali citada está claro que não era sua esposa: percebe-se pelo relato que tratava-se de uma estranha.

Portanto, vemos que também mulheres que não eram esposas dele se aproximaram e tocaram-no, e em casa de outras pessoas onde fora convidado! Ou seja, Maria Magdalena não era sua esposa, e a explanação de como chegara a ser trazida perante ele em julgamento ainda é incógnita. Mas, caberá então perguntar acerca de seu esposo, onde estava, e por que razão não há sequer alusão a ele. Seria indício de que trouxeram-na a seu esposo, que achava-se escrevendo na areia?

Admitamos que o relato da mulher pecadora que achegara-se a seus pés (relato acima) deixa muito a desejar. No meio ocidental, pode até ser normal. No meio judaico ortodoxo, nem no presente, e menos ainda no passado! Onde já se viu entrar na casa de outra pessoa assim? Mas, digamos que não era ela muito normal, digo, da cabeça. Perfeitamente explicado, e voltamos ao mesmo ponto. Mas, o mesmo relato de Lucas acerca deste convite de Cristo na casa de um fariseu chamado Chime'on aparece também em Mateus. E, ali vemos que o fato é mais que impossível que se haja dado: o tal fariseu era um leproso, e, como leproso, deveria achar-se fora da cidade. Mas, bem pode ser que sua casa localizava-se fora da cidade. Mas a referência da Lei a respeito não refere-se senão a ser levado para fora do acampamento, e no caso, inclui sua casa, mesmo sendo um ranchinho solitário no campo. Impossível que se convide a alguém, pois o próprio convidador não pode achar-se em casa.

Ademais, em tratando-se de um fariseu - que eram os mais ortodoxos da época - como o convidaria? Alguém, portanto, incônscio destes pormenores, bem como do toque de mulher em homem, sem casamento (que nem o fariseu aqui não percebe!) nos deixa claro que este relato tão incabível foi inventado e inserido no corpo do evangelho posteriormente. Subentende-se que nossa acepção anterior dos fatos com respeito ao conúbio de Cristo é perfeitamente aceitável. Portanto tinha razão de trazê-la a ele os rabinos. Mas, se não podiam prendê-la devido ao decreto romano, como pode ser? acompanhara-os por gentileza, sabendo que seu esposo era perdoador longânime! Quanto ao trazido em Jo 12 - digamos que não se trata senão de outra de suas esposas - Maria, conforme trazido ali, e que não trata-se do mesmo relato. Mas, surgem-se ainda perguntas: por que não fizera o Evangelho menção de tais casamentos? Ou, tampouco aqui tratava-se de sua esposa, ou de uma delas? Aliás, é pouco provável que o discípulo Judas protestasse, caso fosse esposa a agir como agiu.

Portanto, novamente temos que colocar um relato em dúvida, pois do contrário, teremos um Messias com uma imagem muito manchada do ponto de vista judaico, além do fato de todos ali aceitarem o ocorrido como absolutamente comum e normal, que é um fator claramente digno de admiração! E, nós sabemos que não o é, e resta somente uma possibilidade: descartar o relato de possibilidade que haja ocorrido. Mas, isto envolve a ressurreição de Lázaro!... O mais interessante, é que os teólogos cristãos reconhecem o relato da visita na casa de Lázaro e o fato mencionado, com o mesmo que se passara na casa de Simeão, o fariseu, apesar de toda a dificuldade. As ocorrências no contexto (veja Mt 26) com relação à trama farisaica para efetuar a prisão e morte de Cristo ainda deixam campo para pensar que realmente, era Lázaro que tinha dois nomes, coisa comum entre muitos judeus no passado. Apesar de ser difícil entender como Lázaro, após ser ressurrecto dentre os mortos, pudesse ter dúvidas acerca da capacidade de Jesus de saber que tipo de vida pecaminosa levava a mulher. E, assim acabamos por depararmo-nos sem que o planejássemos, com a trama para tirar-lhe a vida. Interessante notar que o sumo-sacerdote é aqui um profeta... - (Jo 11:51) Se houvesse aqui possibilidade de explanar qual a raiz hebraica da palavra "profecia", seria mais claro que a pessoa que escrevera confundira profeta com vidente, ou preditor de acontecimentos futuros, que não é o mesmo. Mas deixemos isto para outra ocasião. Mas, é claro que o escritor do livro não era judeu, e nem mesmo iletrado, só por esta confusão de termos.

Já que percebemos a confusão que há no assunto de o sumo-sacerdote ser um profeta, se buscamos entender melhor quem são estes dois (Anás - Caifás) no livro de João deparamo-nos com outro problema, mais grave ainda. Em Jo 18:19-24 parece que ambos são sumos-sacerdotes. Veja-se o texto. Ou seja, perfeitamente perdemos aqui quem é realmente Anás, pois dois sumos-sacerdotes eu mesmo, como judeu, posso afirmar abertamente, sem medo de errar: jamais existiu. Mas, alguém vai dizer: "Errar é humano. Trata-se de um pequeno esquecimento ou descuido de João..." - A evasiva seria boa, não fosse um apóstolo posterior dizer que tudo foi inspirado pelo espírito santo...

Mas, de pensar que Anás fosse confundido com Caifás, e em determinado trecho no qual um remete o prisioneiro ao outro, lembre-se a pessoa que lê de todos os relatos acima, e examine tudo novamente com um pouco de olhar influenciado por uma leve entonação cultural semítica. A conclusão é assustadora. Mas, só se observar os relatos como cristão!

Aliás, quem foi mesmo Anás? Apesar da confusão de João, é claro que não era Caifás. Anás era chefe do sinédrio, e caifás chefe do sacerdócio, maioral entre todos os filhos de Levi. Anás, nem sequer sabemos de que tribo era. Afinal, pensando novamente como judeu: quem foi Anás? Chefe do sanedrin?? Jamais tivemos um chefe de sanedrin com este nome!! Temos a lista de todos os maiorais dentre os Sábios desde os dias de Esdras até o selar do Talmud - que vai muito além da destruição do Templo algumas centenas de anos, e nada de Anás! Aliás, não conhecemos nomes em hebraico que não dispunham de significado determinado. Anás nada significa em hebraico, nem Caifás: ambos os nomes não existem! Que significa? Que não somente Anás não existira, conforme não consta em nossas listas, senão tampouco Caifás existira!

Mas, bem: descuido meu. Afinal, estou lendo em português, e não cabe senão verificar seus nomes em hebraico, ou em aramaico. Como rabino - conheço bem a ambos os idiomas. Pois bem, hebraicos não são.

Mas a honestidade da verificação dos fatos e sua veracidade leva a pessoa que opta simplesmente pela verdade, e nada mais que a verdade, seja o desejado ou não, a conservar consigo um acervo, e disponho da peshita (documento aramaico do Novo Testamento). Ali, o nome de Anás é ĥanan, nome perfeitamente comum entre nós, judeus. Mas o problema não se resolvera totalmente com a descoberta: primeiro, porquê não temos um chefe de sinédrio em todo o período já mencionado, que tivesse este nome. Segundo, por que ainda se nos falta saber que origem tem o nome do sumo-sacerdote. Mas, se descobrimos um deles, digamos que é suficiente, e prossigamos, apesar de naqueles dias (até o ano quarenta da e. comum) o chefe do sinédrio foi Hilel. Digamos então que alguém confundira o nome Hilel, e transcrevera Ĥanan. Não há nisto possibilidade, pois o evangelho nos relata que Ĥanan era genro do sumo-sacerdote, e Hilel não.

Segundo nossa conclusão, tais pessoas não existiram, conforme indicam as evidências. Será possível que tal poderia ser fruto de imaginação de alguém criativo? Pode ser, mas com certeza, de alguém que desconhece tanto os judeus como o judaísmo, além de história da época.

Ao abrir o primeiro livro do NT, Mateus, a pessoa se depara - caso tenha suficiente instinto de atenção - com uma mendácia irreparável: a contagem das catorze gerações desde David até o exílio. Basta uma pequena inspeção no livro de Crônicas para perceber o fato. Ou seja, em outras palavras, se tal livro já principia com uma mentira assim, por que seria digno de crédito todo o relato posterior? Isto, sem contar com as evidências acima mencionadas.

Seja como for, o NT todo - não somente os evangelhos - termina por não ser um relato fidedigno. Basta saber que outros relatos, escritos por outros pais da Igreja, não foram inseridos ou canonizados por conterem disparates. Ou seja, disparates claramente perceptíveis, mesmo para um não judeu, como a citação do oitavo dia da semana no livro de S. Joaquim, e a semana é composta apenas de sete dias. Comprova isto a não messianidade de Cristo? De modo nenhum!

Mas, o que é certo, o conhecimento de certos pormenores nos leva a sermos mais racionais, mais analíticos. Certo é que se não podemos crer em tais relatos, é de crer-se que foram escritos desde seu princípio de acordo com o trazido nas profecias de forma premeditada. A pessoa ao ler no NT determinado acontecimento que na verdade nunca ocorrera, não deixará de conectá-lo com algo dito anteriormente por um dos profetas. Mas o escrito já foi feito propositalmente assim de modo que haja coerência, por incrível que pareça.

Não havia descendentes de David na Terra de Israel após o retorno da família de Zorobabel para a Babilônia, e isto é fato registrado. Retornaram à Babilônia quando os Macabeus não lhes concederam o direito ao trono. Isto é constatado por determinada afirmação talmúdica. Mas, mesmo que houvessem, o NT afirma ser o Nazareno filho de Deus, o que o destitui totalmente do direito ao trono como sendo filho de David. O relato de sua vida foi escrito de forma a se assemelhar em tudo - especialmente no relato de sua morte - ao trazido em Is 53. Não há, portanto, cumprimento da profecia, senão relato fictício apoiado em tais escritos, com o propósito de convencer as pessoas descrentes em período bem posterior. Se o feitor de tal prodígio entendesse o sentido do que está escrito em Isaías no verso 10 deste mesmo capítulo, não hesitaria em inventar também filhos para Jesus, tratando de cumprir com este pormenor que passa despercebido ao leitor cristão, mergulhado em seu sentimentalismo. O termo hebraico ali refere-se unicamente a filhos em sentido físico. Tampouco deixaria que o "mestre" morresse tão jovem, fazendo com que "tivesse longevidade de dias".

Quanto a Daniel, no princípio do capítulo percebe-se a que e a quem se refere: também Ciro foi chamado Messias. Compare o versículo 2 desse capítulo com Jeremias 25:8-11, e veja o trazido em Isaías 45:1. Ungido e Messias são o mesmo em hebraico.

O messias, portanto, ainda não veio. Veja nossa versão interlinear da Bíblia, e notas que aparecem nesses capítulos.

O verdadeiro Jesus nascera e vivera bem antes no tempo. Foi aluno do grande rabino Iehochúa ben-Peraĥia, e com ele fugiu para o Egito, durante a perseguição e mortandade dos rabinos pelo rei Janeu. Seus discípulos precípuos foram cinco, e não doze, e todos eles foram condenados como ele. Sua morte não foi por crucificação, senão por apedrejamento, conforme prescreve a Lei hebraica. Somente após sua morte foi pendurado numa trave, em sinal de maldição. Vivera e morrera antes que os romanos tivessem total domínio na Terra de Israel. Tudo o que sobre ele foi relatado posteriormente é fictício, como se pode perceber nesta carta. Basta um pouco de conhecimento da cultura judaica e sua conduta de vida naquela época, juntando-se a isto um pouco de lógica, para perceber o fato da inveracidade do relato. Só o fato de a magia ser condenada pela Lei de Moisés e pelo próprio Novo Testamento já deveria levantar suspeitas entre os cristãos a respeito do relato de seu nascimento, quando vêm três magos a visitá-lo e dar-lhe honrarias.

Quem quer ver a verdade, vê. Quem quer viver mergulhado no sentimentalismo, tem livre opção para fazê-lo, desvencilhando-se da verdade pura.

Como vê, argumentos não é o que nos falta. Temos muitos outros, mas seria.necessário a compilação de um livro, e imenso, para abordá-los. Para nós, seria perda de tempo, pois não nos interessamos em "conquistar almas para o judaísmo", conforme é a meta nas demais religiões o trazer pessoas para seu meio. A diferença entre relatos dos apóstolos acerca de locais onde se deram determinados acontecimentos, a interrogativa com respeito a quem comparecera no túmulo após a ressurreição, em cujo ponto todos eles divergem, e muitos outros pontos problemáticos, são apenas exemplos de argumentos, sem contar com a deturpação e falsificação de versos das Escrituras Hebraicas nos livros que não fazem parte dos evangelhos, senão são cartas dos apóstolos. Não me refiro à explanação, senão ao texto em si. Mas, para nós, o importante é evitar contendas. Portanto, evitamos colocar escritos como este entre nossas páginas. Além disso, cremos que não é necessário muito raciocínio para que o leitor do NT se aperceba da verdade.

Rabino J. de Oliveira