domingo, 20 de janeiro de 2008
Pastor da Universal Mata Criança
A Igreja Universal do Reino de Deus deverá pagar indenização por danos morais no valor de R$1 milhão aos pais de João Lucas Terra, 14 anos, assassinado em Salvador pelo pastor Silvio Roberto Galiza. A decisão foi divulgada no site do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deverá ser publicada no Diário Oficial do órgão na próxima segunda-feira. O STJ negou o pedido da igreja de revisão de uma decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ/BA), que responsabilizava a Universal no crime por reconhecer o pastor como preposto da instituição religiosa. O valor da indenização deverá ser corrigido monetariamente. A família do garoto entrou com pedido de indenização em 2002 na 3ª Vara Cível. Em primeira instância, o pedido foi considerado improcedente. A sentença foi reformulada pelo TJ/Ba em segunda instância, que condenou a Igreja Universal ao pagamento da indenização. No entendimento do TJ/BA, o vínculo de preposição entre a instituição religiosa e seus pastores está caracterizada, entre outros aspectos, pela subordinação e remuneração. A justificativa foi contestada pela igreja, que alegou não ter responsabilidade no caso, pelo fato de o crime não ter sido cometido durante o exercício de trabalho do pastor. O pai de Lucas Terra, Carlos Terra, afirmou que vê a decisão do STJ com satisfação. “Estamos vendo que a justiça está sendo feita. Não estou satisfeito pelo valor financeiro porque nenhum dinheiro vai trazer a vida de meu filho de volta. Estou satisfeito pela punição à Igreja Universal. Eles se acham intocáveis e poderosos”, afirmou.Segundo Terra, a decisão do STJ teve grande repercussão em Brasília. Ele afirma, no entanto, que o inquérito final do processo ainda precisa ser concluído. Embora o pastor Galiza já tenha sido condenado a 18 anos de prisão, ainda há mais dois membros da igreja que foram apontados pelo próprio assassino como participantes do crime: o bispo Fernando Aparecida da Silva e o pastor Joel Miranda. De acordo com Terra, ainda há possibilidade de um quarto envolvido no crime, que está sendo investigado. “Só vou descansar um dia, quando ver todos os assassinos do meu filho na prisão”, desabafou. Histórico - Lucas Terra, que era obreiro da Igreja Universal, foi queimado vivo em 21 de março de 2001, segundo laudo da polícia Técnica e Científica. Foi colocado dentro de uma caixa de madeirite, amarrado e amordaçado para não gritar. No dia 24 de outubro de 2001, após sete meses de investigação, a polícia concluiu o inquérito policial e indiciou o pastor Silvio Galiza como autor do homicídio. O crime foi classificado como hediondo e triplamente qualificado por motivo torpe. No dia 8 de novembro do mesmo ano, os promotores pediram a prisão preventiva do acusado, mas o juiz não assinou a prisão. Desde então, o pai da vítima teria estado em diversos países, como Suíça e Itália, denunciando o crime a ONGs internacionais, além da Organização das Nações Unidas (ONU). Após muitos anos de disputa judicial, o assassino foi finalmente julgado em junho de 2004 e condenado a 23 anos e cinco meses de prisão em regime fechado. Em agosto do ano seguinte, o julgamento e a condenação foram anulados, mas três meses depois Galiza voltou a ir a júri e foi condenado a 18 anos
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